20 a 25.02.2011
É possível transformar dor em alegria
Na crônica da semana passada foi tratado de humanidade. E a tradução de humanidade em amor e solidariedade. De fato, a expressão mais óbvia ao tratar de alguém que é justo, extremamente afeito a executar com sentimento algo que vai fazer bem ao outro é: ele é humano.
Qualquer ser humano percebe quando uma pessoa é humana ao ponto de realizar coisas humanas com infinita espontaneidade, com naturalidade da alma. Esta espontaneidade, naturalidade, a gente percebe muito presente quando se está no velório de alguém, especialmente, naquelas pessoas que não são nem tão relacionadas ao espírito em ascensão, mas que estão tão sofridas como um parente próximo.
Geralmente, a humanidade se manifesta na percepção e até no sofrimento de dor, na empatia pela dor do outro. Não se pode negar que naquela dor sentida está a expressão maior de que somos humanos, somos irmãos. O que dói em você dói em mim. Por isso quanto mais puder ser feito para confortar alguém que está sofrendo, mais faremos.
Vários humanos transmitem o seu conforto no dia a dia aos que sofrem. Uma palavra escrita, e enviada por e-mail, com uma fábula de um sábio, conforta; assim como a socialização do problema mais íntimo de uma família. Tudo para confortar um amigo e mostrar que por sermos humanos, queiramos ou não, nós temos uma vida finda, e em cada casa, em cada lugar, tem alguém que está sofrendo ou já sofreu.
Mas, a dor e a alegria fazem parte da humanidade, assim como todo dia o sol nasce e se põe. Saber viver neste universo de sentimentos e ser humano, compreendendo e vivendo o amor e sendo solidário, é para todos. Mesmo que pareça que alguns não saibam disso. Mesmo que teimemos em passar do ponto no sofrimento, na vida humana a gente se transforma e pode transformar dor em alegria; sonho em realidade; morte em vida. Quem morre não deixa de viver!
Alci de Jesus
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14 a 19.02.2011
Nestas semanas o que mais tem chamado a atenção é o carinho e a fraternidade das pessoas. É impressionante como o ser humano tem a capacidade de ter empatia com situações que trazem angústia, dificuldades ou perdas ao outro. A sensibilidade se dá em muitos graus, a gente sabe, mas não há quem não tenha se emocionado e se fragilizado com os acontecimentos das enchentes motivadas pelas chuvas que afligiram milhares de pessoas, ou, então, com alguma tragédia de uma família estampada nas manchetes do jornal.
A comoção é maior quando são atingidos bebês, crianças e adolescentes. Parece que uma sensação de estar na pele de quem está sofrendo é imediata, e a mente comanda o coração e o corpo para expressarem sua dor, por vezes, em calafrio, arrepio, taquicardia, vazio no estômago e choro.
O choro é a expressão, talvez, mais visível do sentimento, e é contagioso. É difícil segurar a emoção quando você vê uma mãe ou um pai chorando, profundamente, às vezes, tentando segurar o choro pela morte de uma filha querida. Também é difícil conter as lágrimas quando você vê um amigo consternado, apresentando os pêsames chorando ou visivelmente abalado. Mesmo vivenciando muita dor pela perda de uma filha querida, você tem empatia pela dor do amigo que chora.
É um momento forte, que passa tanta energia ao ponto de, por incrível que possa parecer para qualquer um, ter um pouco de alegria; alegria por saber que alguém amou, mesmo que de forma indireta, o ente querido ausente agora desta terra. Por isso não é estranho chegar aos ouvidos de quem está sofrendo, que fulano mandou um grande abraço ou que beltrano desejou o amparo espiritual etc. Mesmo que não se conheça fulano ou beltrano.
Às vezes, basta um olhar, um aceno, não falar. Tem gente que fica tão tocado que, apesar de ser muito amigo, parece não ter coragem de enfrentar a dor do outro, porque sabe do infinito amor que o mesmo tinha por quem já não convive mais neste mundo e lhe é muito caro. Tudo isso se resume numa palavra: humanidade. Humanidade que nos faz sensíveis ao amor e à solidariedade e que nos dá a possibilidade de ter saudade de quem nós nunca deixaremos de amar.
Alci de Jesus
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07 a 11.02.2011
Neste final de semana, consegui andar pela praia, correr pisando firme na areia, contemplar o mar e o bater das ondas sentado numa das barracas da beira mar. Um lugar privilegiado: à sombra, com amigos, conversando sobre filosofias de vida.
De vida? Sim. Porque não é só porque não se está mais de corpo físico nesta vida que se morre. Como falar que Marx está morto? Ele está mais vivo do que nunca, diria o materialista. Como? Morrer? Não há morte para quem acredita no espírito; busca-se um outro plano, o amadurecimento da vida espiritual para uma nova encarnação, reforça o espírita. O cristão católico destaca a fala de um jovem padre, numa missa de sétimo dia: "mil vezes mais tem quem alcança o Reino dos Céus; mil vezes mais alegria, mil vezes mais a paz: é incomensurável o amor junto ao Senhor. Algum dia nos encontraremos no amor do Pai e conversaremos como antigamente, com muito mais amor".
Aquela conversa, permeada por boas lembranças de quem nós continuamos e continuaremos sempre a amar, amparada pelo carinho, energia e vibrações positivas dos amigos-irmãos não tem medida. A sensação, naquele momento, como em vários momentos do dia, é de que a Vida é muito linda e que o melhor papel para quem fica aqui diante de quem já não está mais junto de nós, e que é muito querido, é amar intensamente, e lembrar as alegrias do relacionamento.
Como é bom ter amigos, como é bom saber que nas horas mais difíceis nós temos quem possa nos fazer uma ligação e dizer: "E aí amigo? Pode contar com a gente; nós sempre estaremos aqui". Isto é muito forte, talvez não tão forte quanto a dor de quem perdeu uma filha tão amada, mas, é certamente muito reconfortante.
Alci de Jesus
Alci de Jesus
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