- Já tô acordada pai!
No banho, em casa, antes da apresentação, passa pela cabeça uma série de imagens: todos os passos, a música, as marcações, onde vão estar cada uma das meninas, o olhar da professora e a sua voz:
- Meninas! Agora é com vocês, não se preocupem! Vocês estão preparadas, se divirtam, dancem!
A roupa está linda, tudo foi muito bem organizado. Ao chegar ao local do evento, os pais fazem questão de ir até a porta da sala que é utilizada como camarim, onde as meninas se vestem e fazem as pinturas, dão os retoques finais.
- Filha, você está linda! Nós vamos ficar do lado esquerdo do teatro e filmar tudo.
- Tá bom, vão, vão!
Nessas horas, parece que a gente quer se livrar dos pais; parece que eles deixam a gente ainda mais nervosa. Mas também é legal, porque a gente percebe o carinho deles. É legal ver os pais das meninas chegando com o mesmo sentimento dos nossos pais.
O tempo passa devagar até chegar o nosso ato. Todas as meninas estão prontas e também ansiosas.
- Agora são vocês! Vamos, vamos!
E aí quando a música começa a tocar e a gente entra no palco é maravilhoso. Mesmo que a gente fique orientada pelo tempo e movimento da menina do lado e que não dê aquele sorriso e desenvoltura de quem é bem mais experiente, a gente fica leve e contente, e dá até para em algum momento ver os pais, sorrindo alegres.
Essa sensação é imensa e o tempo parece que foi transformado e que cada minuto é uma eternidade. Ao final, o despertar com os aplausos é sensacional.
- Filha, foi lindo, lindo. Você esteve ótima!
Não há nada melhor do que isso. Nem que o pé tenha doído muito por ter pisado em falso ou então que se tenha uma febre, como estava febril uma menina no terceiro ato. Naquele momento a gente tem a exata compreensão de que nada poderia nos deter de fazer a apresentação, nada seria mais importante. Neste momento a gente pode dizer que quem dança os males espanta, pelo menos por um bocadinho de tempo.
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