Todos os dias o meu pai acorda às 6 h. Depois do ritual de chamar as filhas para se arrumarem e de preparar a mesa do café, se for uma segunda-feira, ele veste o seu calção de banho, a sua camiseta, que parece ser de um tamanho bem menor do que o necessário e vai fazer os exercícios, começando na varanda.
Ele diz que aprendeu essa rotina quando estava servindo ao exército, no final de 70. Apesar de ele não ter gostado de servir ao exército, pelo que o meu avô conta, ele aprendeu que fazer exercício sempre é bom, e não perdeu esse hábito desde aquele tempo.
O avô por parte de mãe também fazia exercícios. Lá na casa dele tem uma escada e de vez em quando, ao passar por lá para ir à praia, a gente o via, também com calção de banho e uma camiseta branca, fazendo exercícios, subindo e descendo as escadas.
Lá em casa, agora, das quatro filhas, duas fazem academia. A minha mãe vive dizendo que precisa fazer exercícios, que necessita fazer musculação, mas toda vez que ela tenta, não consegue. Ela é muito atarefada e se cansa tanto no trabalho, que não tem tempo e coragem pra enfrentar uma sessão de musculação.
Na escola, as aulas de educação física são mais uma brincadeira gostosa do que algo chato. A gente fica correndo na brincadeira e nem percebe que está fazendo exercício.
Depois, quando a gente está um pouco maior, a gente já pensa em fazer vôlei, basquete ou, então, o que acho mais interessante, dança.
- Filha, você pode fazer dança, não tem problema, mas eu gostaria que você fizesse basquete, porque aí você podia crescer um pouco mais!
Realmente, às vezes, as pessoas não têm tipo pra crescer muito, não. Alguns vão ficar baixinhos. E geralmente, como diz minha mãe, quem é baixinho, tem as pernas grossas e uma bunda grande.
Mas o que é que tem demais em ficar baixinho? Meu pai, quando a gente vai à casa do meu avô, fica tirando brincadeira.
- Filha, você só não pode ficar menor do que o seu avô, isso não!
No colégio, quem é baixinha sempre ganha algum apelido. Às vezes é um diminutivo que é ligado ao nome. Daí, Renata vira Renatinha; depois Natinha; depois Tinha.
E o interessante neste tipo de tratamento é que parece carinhoso. Só que às vezes, às pessoas usam de forma pejorativa: “sua, sua baixinha”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário