Meu tio, então, contou que a primeira tarefa do texto era dar um abraço em quem estava do lado. Depois tinha que mostrar a língua para alguém. Daí tinha que levantar e dar uma voltinha, como num desses passos de balé. E assim por diante. Mas a menina que não gostava de ler ficava lá paradinha. Ela não fazia nada. Os outros ficavam olhando e não entendiam.
- Será que ela não sabe ler? Não é possível, tem alguma coisa nesta história, é brincadeira.
E todo mundo ficou meio que na expectativa de ver aonde ia dar aquela história, e qual seria a moral da história. Com certeza ia acabar de um jeito que deixasse o meu pai bem na fita, só porque ele não se cansa de dizer que ler é a melhor coisa que existe pra quem é criança ou adolescente e blá blá blá...blá blá blá.
O meu tio contava a história com aquela cara de quem acha que é o cara, fazendo careta e dizendo as palavras de jeito diferente, pensando que só agradava. Mas até que ele contava direitinho.
- E ficou aquela confusão, todo mundo fazendo as tarefas, querendo ganhar o prêmio: lia uma parte do texto e já fazia o que era pedido. Mas a menina que não gostava de ler, nem pegava no texto. Mas, então....
Meu tio deu quase um grito pra chamar a atenção de todo mundo e disse:
- Daí um chamado interno, lá no fundo da alma da menina que não gostava de ler chamou-lhe a atenção: e se eles não estão lendo direito? E se é uma pegadinha pra mostrar que quem não lê direito faz papel de bobo? E se é pra criticar que quem não interpreta o que lê não consegue encontrar a saída?
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