- Não pai, não vamos deixar o corpo dela por aí, em qualquer lugar. A gente vai enterrar. Eu e D. Sandra vamos fazer o enterro dela lá embaixo, no quintal do prédio.
Na manhã seguinte à morte da Tiffany, logo cedo, aconteceu o enterro. A secretária fez quase tudo. Tirou a bichinha da gaiola, colocou num saco plástico, pegou um pedaço de madeira que havia sobrado do conserto dos armários da cozinha, e que seria usado para cavar a cova do porquinho.
Era melhor que fosse bem cedo mesmo, porque quase todos os meninos do prédio já sabiam que a Tiffany morrera e não se queria ter muita gente no enterro para não chamar atenção.
No pouco tempo que passou na casa a Tiffany era muito querida. Isto apesar dela não ter estabelecido muitos relacionamentos: nem um grunhido para chamar a atenção que estava com fome, nenhum “grito” quando passava uma sombra de um gavião na varanda, nenhum “olhar” pedinte. Talvez ela fosse tão querida porque foi muito esperada e muito bem cuidada. Mas a morte, às vezes chega, independente disso.
Depois do corpo da porquinha da índia, ou preá como queiram, ter sido enterrado o desejo era poder colocar uma lápide ou qualquer coisa para registrar a sua presença na terra: “aqui está enterrada a Tiffany, uma porquinha da índia muito bonitinha e que ela siga em paz”.
À tarde, naquele sábado, souberam que os meninos e meninas do prédio fizeram uma homenagem a Tiffany. Todos foram ao lugar em que ela havia sido enterrada e, lá, rezaram.
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