É uma rotina que começa às seis horas da manhã:
- Vamos lá, meninas, já são seis horas.
E quase sempre vem acompanhada de outro chamado:
- Vamos lá! Não se levantem de uma vez, eu já ensinei a vocês, é para virar de lado, posicionar as pernas e ficar sentada. Tomem conta da coluna de vocês.
Não dá pra não pensar que o pai da gente é chato nesta hora. Você nem acordou e ele já falou umas trezentas vezes. E se você não faz o que ele tá dizendo, ele volta, e volta e só descansa quando todo mundo já tá pelo menos sentado na cama.
A gente nem percebe que naquela hora já aconteceu todo um movimento na casa. A D. Sandra já pegou o jornal e colocou em cima da mesa. A água já foi fervida e está na garrafa térmica. As bananas, cortadas, já estão no liquidificador, prontas para a bananada. A mesa já está pronta, com o leite, o Nescau, e os copos e xícaras a nos esperar.
E se a farda foi lavada no dia anterior e não secou totalmente, ainda tem que engomar. Além de que, às vezes, o tênis também foi lavado e se tem que colocar os cadarços. Sem falar das calcinhas, do sutiã, das meias. Tudo tem que estar pronto e disponível para que nós possamos utilizá-los, da forma e na hora que quisermos.
- Vocês são muito folgadas mesmo. Não percebem que já são quase sete horas. Vocês vão chegar atrasadas.
Invariavelmente é assim. Não tem jeito das mais velhas se aprontarem na hora certa. Parece que por elas terem ido dormir mais tarde, também têm mais sono.
- Meninas, eu já falei pra vocês. Se vocês vão dormir tarde, se não dormem o tempo devido, o tempo que o corpo exige de vocês, vocês vão ficar com sono, vão aproveitar bem menos as aulas. Tudo na natureza é uma troca, olha a Lei de Lavoisier.
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